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segunda-feira, 21 de junho de 2010

UNHA ENCRAVADA DE UM PÉ DE PAREDE

XICO COM X, BIZERRA COM I



UNHA ENCRAVADA DE UM PÉ DE PAREDE



MUROS E MANGAS
manga3

Mais gostoso que as mangas roubadas era o prazer de roubá-las, de pular o muro, do perigo que se corria se flagrado fôssemos. As mangas cumpriam apenas um papel secundário ao serem chupadas. Sabíamos que, se descobertos, nossos pais tomariam conhecimento do ‘crime’ e as penalidades iam de estudar a tarde inteira a não poder jogar bola depois das quatro. Mas valia a pena correr o risco e enfrentar as ameaças. Era o prazer do perigo, da aventura. Hoje, não pulo muros nem chupo mangas. As pernas já não permitem o atrevimento frente a muros altos; o corre-corre da vida não me dá tempo de sentir o sabor da meninice, tão distante. Além do mais, não gosto das mangas amargas dos supermercados, sem qualquer gosto de saudade, sem qualquer sabor de perigo …
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Depois que publiquei essa ‘croniqueta’ em alguns Blogs para os quais escrevo, fiquei surpreso com a confissão de alguns leitores de que também foram ‘ladrões’ em suas infâncias, de araçás, seriguelas, cajus e também de mangas. E eu que pensava ser o único ‘ladrão’ de frutas dos quintais alheios. Tantos companheiros na arte de ‘roubar’ me aliviam a consciência e me deixam feliz. Fico a desejar que meus netos (que ainda estão por vir) provem do gosto saboroso das frutas roubadas, em suas peraltices de criança. Espero que os muros ainda existam e que continue sendo proibido pulá-los para que o doce das frutas se mostre tão açucarado quanto era nos meus tempos de menino.

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 PEDRINHO E AS PEDRINHAS

Pedrinho, à margem esquerda do rio, joga pedrinhas na água límpida, vendo os peixes amarelos e livres, nadando, ora a favor, ora contra a correnteza, brincando de tudo-pode com a mãe natura. No aquário do pai, um peixe amarelo a se digladiar, esbarrando no vidro quando se aventura num nado maior. Liberdade e clausura dos peixes. Pobre menino que atira pedrinhas no rio e chora pelo não-poder atirar de volta ao rio aquele peixinho amarelo. Pobre peixe amarelo que nada quase nada e esbarra, sem opção de escolher entre o vidro e o rio, entre o vidro e o mar, entre o vidro e a vida. Um gato o observa de longe, esperando um trincar de vidro, um peixe no chão. Do alto de sua gaiola, solidário, o passarinho torce pelo peixe. 

Fonte: Blog do Jornal da Besta Fubana

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